O silêncio da casa violenta-me os sentidos. De lento, exploro. Em cada quarto explode uma confissão.
Em baixo nas salas há o cheiro novo da tinta. Inspiro. Alguém apaga passados.
Cansado, busca as camas em cada quarto. Quem dera pudesse o meu corpo dormir em todas elas numa mesma noite.
Um retrato na mesa ligeira sorri. Quem poderá dizer que estórias ele guarda? Somos todos felizes nos retratos. Quem não sorri para um retrato?
A casa dança uma dança interminável de escadas. Vão dar a todos os sítios possíveis, mas quase sempre onde não queremos ir. Não há portas a não ser as que levam para outros quartos.
Enfado. Um tédio brutal e de morte invade-me. Acomoda-se. Jogado sobre uma poltrona velha. Que há para entender nesta casa?
Não há cor, não há brisa, não há linhas. Desespero, angústia e tanto cheiro a coisas perdidas.
É um banho de suor que me acorda.
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