sábado, abril 22, 2006

Suavemente

As tuas mãos percorrem o meu corpo suavemente.
Eu deixo-me ir,
Como as folhas dos campos franceses
Que caem continuamente sobre os lagos
Sem saberem de estações.

Amar-te é como olhar de frente
Os campos verdes da França
E perceber que o fim está sempre além da próxima colina.

Os teus lábios encostam-se
Agora ao meu peito.

O vento
Leva os nossos suspiros profundos
Até que se percam nas cores do pôr-do-sol.

As tuas mãos descem até à minha cintura,
E como num quadro de Dali
Entras por mim adentro.
Os nossos corpos fundem-se.

Não há grandes clarões sobre nós
(Que agora somos um só),
Mas a tua boca ainda sussurra as palavras certas,
Narcisos que acariciassem de súbito os meus ouvidos.

Amamo-nos
No mesmo ritmo que os arcos
Fazem vibrar os violinos
Nas orquestras de Bach.

À beira do lago,
Já coberto de folhas,
Nossos corpos caem, cansados e vivos do amor
Até que o Sol venha lembrar-nos
Do futuro dos próximos dias.