Para Sofia Palma Baracho, que guarda comigo os segredos das florestas.
Diz-me do mar para que eu te fale de Marta Telles e dos seus traços em tons carmim.
Então, na sala de refrescos de um grande palácio insular, verás pela clara-bóia como as luzes da manhã da minha ilha são diferentes.
O medo de perder o sol farte-á subir as escadas, para que estejas certa de que as nuvens ainda não vieram morar nos picos dos montes.
Molha agora os teus pés de mansinho na água, com cuidado para que te não rolem os calhaus, e deixa que o mar te beba delicadamente.
Do alto da montanha entenderás a verdade que a ilha encerra sobre a ciência do Verde, e de uma golfada verás como nós respiramos as quatro estações.
Deixa cair a noite. A noite aqui chega tarde e com aviso do sol. A noite aqui é só um dia mais escuro.
Do alto da ponte, na velocidade do teu carro, olha as luzes que bordam as encostas da cidade e respira outra vez.
Perde o mar, as montanhas, o verde, guarda o cheiro intenso que a neblina deixou sobre as flores, larga o corpo, queda-livre, aprende os segredos que esconde o coração da ilha.
2 comentários:
simplesmente sublime. sublimemente simples.
o simples e o sublime na forma mais bonita.
E mais uma vez dou por mim a pensar como é possível que me conheças tão bem, que saibas exactamente como tornar as minhas mais inocentes fantasias e sonhos em belas palavras que tocam o coração, que tornam quase verdadeiras essas mesmas fantasias. Que dão um nó no pescoço e fazem borboletas dançar no estômago, e desejar que de repente a imagem das palavras se torne realidade e possamos realmente correr pelos trilhos da floresta, sentindo o carinho do vento na cara, o cheiro da neblina e ouvir o que nos sussurram as árvores, as flores, o vento e todas as criaturas da floresta. E ficar parada a sentir o mar beijar-nos os pés, sentir o seu chamamento doce, que nos convida a fazer parte dele...
Te amo, querido namoré.
Obrigada por tudo:)
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