Para o Sérgio e o Stijn, com todo o meu carinho.
Ele estava mais calado. Talvez porque os seus olhos verdes tenham um pouco mais de rio. O outro tem mãos mais fortes e rosto construído de cidade. Tem menos palavras que diga, mas quase tantas para dar como ele. Entendem-se por vezes em silêncios longos.
Constroem dias. Apercebem-se um do outro nas dificuldades incontornáveis do quotidiano. Qual a dose de amor que pode ter uma taça de cereais deixada ao acaso da súbita falta de fome? É o instante em que se engolem as palavras. Amar é também saber calar-se.
Não é fácil a cedência, a compreensão dos limites do tu face ao intento expansionista do eu. Eles sabem que não é fácil. Não soubessem não eram construtores de dias. Têm a certeza das tardes longas e da possibilidade de um por-do-sol roubado a alguma horas de outras coisas.
Enlaçam um entendimento. Descobrem-se. Magoam-se pelo caminho. Cravam-se um ao outro perdidos entre o eu, o tu e o nós.
Mas ele tem o corpo calmo. O outro também. A tarde escorre ao lado do rio. Lisboa ergue-se no alto das colinas e o rio atlântico leva sensações do Mediterrâneo. Dois homens de mãos dadas. Uma compreensão superior a eles mesmos. Deixam-se partir numa tarde soalheira de Domingo. Haverá outras para o regresso. Haverá sempre o regresso.
1 comentário:
Em http://strawsea.blogspot.com um poema de daniel costa-lourenço com o título. lisboa para amantes. coincidência? boa pesia.
Enviar um comentário