terça-feira, junho 05, 2007

Homero talvez

Homero talvez,
Um encanto de fim de tarde.

Ilha grega:
Teu corpo,
Minhas mãos.
Intenções.

Repouso a cabeça
Sobre o teu peito,
Hora dos ritos.
Construção das tardes
Iniciáticas
Dos nossos dias longos.

Árvore,
Homero talvez.
Palmeira de Delos.
Fruto, sonho.

Mergulho.
O mar é mais azul
Quando se guarda o Mediterrâneo na boca.
As tuas mãos seguram os meus
Tornozelos.
Nado.
Busco a unidade.

Ânfora, coisa d'alma,
Homero talvez.
O encanto de um
Pateo branco
Sobre um porto
Breve.
Recriação,
Começo,
Cais.

Partimos.
Viagem incessante
Das mãos.
Altar.
Teu corpo, terra de
Imolação.
Primícias.

O vento vem do mar
Leve, forte,
Preciso.
A casa constroe-se
Na luz das suas janelas.

A minha alma é branca
Como as partes que
Conheço do teu corpo,
Homero talvez.

Dizes noite.
Música.
Os teus pulsos seguram
Os meus.
Levanto-me.
A força dos meus braços
Ergue-me acima da
Materialidade das coisas vivas.

Espanto,
Homero talvez.
Vinho, vinha, vento.
Barco, branco, breve.
Mar Mediterrâneo.

Desafogo.
Teus olhos,
Terras de oliveira.
Doce labor dos azeites
Que me escorrem pelas mãos
Na tarde das aranhas.

Orégão.
Trinco os frutos verdes
Da areia pedregosa.
Sal.
Há uma saída
Além nas grutas,
Homero talvez.

Ulisses, Aquiles, Heitor,
Minha Tróia feita
De muros caídos.
Anseio constante
De estrada que sobe.
Soneto medido na
Perfeição do templo.
Minha coluna dórica,
Meu espaço idílico,
Centro de mim.

Projecto fabrico
Real festa enfeite
Vida,
Homero talvez.

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