Busca da elegância. E há sempre esse namoro prolongado com o espelho enquanto pinta os lábios. Agora as pérolas para o cabelo, três tiras sobre a testa. Na cintura magérrima o vestido, uma segunda pele. As luvas de manga de canhão descem os braços.
A mão estendida para quem lhe abre a porta. Não há últimos olhares.
Um flute de champagne ergue-se. Ela ri. E ela que quase nunca ri. Mais um brinde. Há um certo toque boémio em cada brinde, como se a vida se tornasse absolutamente fabulosa. O vestido voa por onde ela passa. Tudo é etéreo; nela e por contágio em tudo o que a rodeia.
A pele branca de mais, os cabelos louros de mais. Ela é quase transparente no vestido, onírica como um mundo criado com cuidado para si mesma.
É raro passarem-lhe pensamentos, mas por vezes o luar caído sobre certas nuvens mais escuras chama-lhe a atenção.
Agora a música. As mãos fortes de um homem, a sua cintura magérrima, os violinos que vibram tão alto. O corpo cai. Ela perde-se nele. É mais como se se deixasse ir. Quem sabe naquilo que pensa. Ela é como uma ave nas mãos dele.
Acabar é sempre difícil, mas nunca para ela. A realidade a que volta, a sua, é sempre irreal.
1 comentário:
fecho os olhos e consigo vê-la tão nitidamente como se de um filme se tratasse. quero esse vestido, quero ser essa mulher por alguns segundos.
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