quarta-feira, março 28, 2007

Prenhes

É ainda possível dizer que é tarde?

Já lancei os dados, mas algo
Continua a rolar incesantemente na minha cabeça.

Começo a ficar prenhe de ti.

O teu mundo é natural e verde
Como as tardes de junho que espero nesta primavera
E trazes em ti segredos solares.

Eu sou feito de betão,
Tenho alma de cidade
E no peito uma insensibilidade que o prova.

Tu moras algures dentro de mim.

Procuro-te por dentro,
Não te acho,
Mas sei-te e
Isso é um tormento.

Vives na minha sombra
Mas levas mais luz que eu.

Não tenho nome que te chame
E se chamasse
Não virias.

Vives além das palavras ditas,
Vives num chão de terra cultivado
E colhido nas primeiras chuvas de setembro.

Pudesse eu ser fértil como tu!

Assim saberia como se constrói uma vida
E quantas gotas de suor fazem
Um dia de labor.

Tu sabes do chão,
Eu sei do mar.
Tu és dos meus olhos verdes
Mas eu ainda não tenho lugar em ti.

Quando chegar a noite
Pede ao teu corpo
Que se emprenhe de mim.

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