quarta-feira, setembro 27, 2006

O grito de Hécuba mãe ou O tempo das novas memórias

Cala agora o teu grito de dor,
Hécuba, mãe,
E guarda em teus olhos as lágrimas
Que ainda te faltam
Por teu filho Heitor

O tempo descascou as paredes do teu vestíbulo
E os frescos que outrora falavam dos deuses
São agora pedras que falam do branco

Os homens,
Esquecidos das suas mães,
Desenharam no horizonte novas tragédias
E o barulho das suas armas
Lança-se ensurdecedor sobre o teu grito de mágoa

Novas letras se escrevem agora
Em tuas paredes brancas,
Hécuba, mãe,
Para contar histórias de um terror novo

Este é o tempo que temos
Para povoar a memória de novas coisas
Sem que por isso nos abandonem as Parcas

O tempo das novas tragédias
Que calam sobre a poeira da terra
O grito das mulheres de Tróia.

2 comentários:

colher de chá disse...

parabéns, querido.

Anónimo disse...

AMEI