Cala agora o teu grito de dor,
Hécuba, mãe,
E guarda em teus olhos as lágrimas
Que ainda te faltam
Por teu filho Heitor
O tempo descascou as paredes do teu vestíbulo
E os frescos que outrora falavam dos deuses
São agora pedras que falam do branco
Os homens,
Esquecidos das suas mães,
Desenharam no horizonte novas tragédias
E o barulho das suas armas
Lança-se ensurdecedor sobre o teu grito de mágoa
Novas letras se escrevem agora
Em tuas paredes brancas,
Hécuba, mãe,
Para contar histórias de um terror novo
Este é o tempo que temos
Para povoar a memória de novas coisas
Sem que por isso nos abandonem as Parcas
O tempo das novas tragédias
Que calam sobre a poeira da terra
O grito das mulheres de Tróia.
2 comentários:
parabéns, querido.
AMEI
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