segunda-feira, maio 01, 2006

Poema ao 25 de Abril

I
Espera que o sol seja muito quente
E então sai à rua.
Caminha pelo lado da sombra sem nunca
Tirares os olhos do outro lado.
Vê como o mestre-d’obras
Desenhou todas aquelas janelas
Só para que tu as pudesses ver esta tarde

Continua a caminhar.
Deixa que o cheiro,
Que de súbito se instalou no teu coração,
Te indique o caminho.

Quando chegares ao jardim
Atraído pelo cheiro das coisas frescas
Que vivem no calor da tarde
Senta-te debaixo da sombra do grande caramanchão
Que está no centro do jardim.
Ouve o riso das crianças que brincam no parque
À tua frente
Para aprenderes como o mundo é ainda jovem
E por momentos deixa-te levar.
Agora abre o livro-
Lê dez páginas e respira,
Respira fundo
E deixa que o sol profundo que se instalou
Entre as três e as quatro
Se instale também dentro de ti;
Que ele te invada o corpo.

O rio continua à tua frente
E a cidade pulsa agora nas tuas veias.
Por esta altura já todos os cheiros te chegaram,
As aves voam cada vez mais alto.
Respira fundo.

II
Quando abrires os teus olhos
Ainda prontos para ver tanta coisa
Lembra-te de Abril.
Lembra-te desse dia em que se começou
A construir a tua tarde.

Quando respirares fundo
Pensa nos capitães em suas chaimites
E deixa que o cheiro inexistente dos cravos
Te chegue ao nariz.

Olha agora o sol de frente,
Ele já não te pode mais queimar,
Agora, Abril construiu s liberdade.

1 comentário:

colher de chá disse...

abril sempre