Uma das coisas que mais me ocupa a cabeça é precisamente onde se encontra a poesia- donde nascem os versos? Sophia de Mello Breyner falava de uma ligação íntima das coisas para a construção do seu habitat pessoal.
Assim, talvez a poesia se ache na construção de um pequeno vocabulário com conceitos bem próprios. Para Sophia falamos claramente do branco, da casa, do mar, do pátio e da Hélade. Eu prefiro outras coisas, buscar a poesia noutras palavras.
Hoje por exemplo encontrei-a num grande tacho com cogumelos frescos lá dentro. Para mim há poesia que chegue num tacho de cogumelos frescos e na sua cozinha.
Há também pequenos momentos poéticos nos nossos dias: quando uma luz desvulgariza a árvore que está sempre no nosso caminho, numa janela de Alfama, na maneira como o vento mexe nos casacos e nos cabelos. Há poesia nos cavalos e nos ramos dos chorões.
Tudo o que mexe ou que fazem mexer é poesia. Talvez eu procure os meus conceitos em pequenas coisas que por breves momentos se transformam dando-nos uma alegria diferente.
Talvez procure palavras como água, rio, árvores e sobretudo Verde- a minha poesia é decididamente Verde.
É em busca do Verde que vou agora- para mais palavras, para mais poesias.
1 comentário:
tb acredito encontrar poesia em tudo... ou praticamente. sinto-o e não há como negá-lo. vejo poesia na nossa amizade, nas paavras que partilhamos, no verde do teu imaginário.
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