segunda-feira, abril 16, 2007

Poema do homem bucólico

Às angústias que nestes dias me angustiam.

Ligeiros chegam os fins-de-tarde de Abril
E trazem consigo os primeiros crepúsculos do ano.

Abril fala-me sempre da Primavera,
Dum chão novo
Que os deuses renovam para nós.

Tu és como as manhãs calmas de Sol
Ouves atentamente o que eu digo
Como se as minhas palavras fossem de beber.

Bebes os sonhos que te conto
De coisas distantes que encontras nos momentos
Escondidos das tardes e das flores.

Tu és como o riacho manso e de água doce-
Corres devagar, mas sabes por onde andas
E para onde vais.

Tens uma sede de coisas maiores
Que procuras sofregamente
Saciar nas minhas palavras.

Não percebes que todas as minhas palavras
Cabem em ti;
Em ti onde me esgoto, onde me começo,
Onde me renasço.

Súbita Primavera constante,
Que toldas minhas tardes de uma alegria
Feita de gestos simples e certos,

Como desenhos de crianças quando chega o Sol,
Breves e duradoiros reinos de luz.

Não sabes que sabes das cores
E das coisas que elas ensinam.
Tudo em ti é tão natural e simples
Que não te permites pensar,
Mas apenas viver as coisas,
Os dias,
As horas.

Sabes apenas que queres mais,
Assim como eu sei que te quero a ti.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais um belo poema a juntar a outras belas coisas que vais escrevendo por aqui.
Um obrigado e um abraço.

colher de chá disse...

que dizer? ... esgoatam-se as palavras. belíssimo, querido amigo.