Às vezes esta cidade sem gente, sem coisas.
Esta rua que desce com varandas velhas e telhados abatendo.
Esta gente triste que aqui mora e o seu gesto ritual
Pendurando peças de roupa na corda.
Uma vida de dedos cruzados, este pateo traseiro
Por onde rebentam as ervas daninhas.
Depois esta cidade d'ausência que nos faz crescer
O vazio enquanto nos afaga e diz boa-noite.
A Lisboa dura das pedras. emprestada por horas
Ao cansaço suburbano,
Mas que nos cai sempre na alma
E nos engana de mansinho.