Se o que fora não sou
Era de esperar que pudesse ser
O que não fui.
Em amar-te fingi amar
Quando amava de verdade.
De amor nome não dava,
Em meu peito consumido,
O que amor fora sem ser,
Sentindo eu,
Pudesse em outro ter sido.
quarta-feira, julho 29, 2009
Por um dia em que as coisas acabaram em talvez
Estranho,
É como te carrego.
Belos,
Os teus olhos indefinidos.
Exacto
É tudo o que nos resta além do que nós temos.
É como te carrego.
Belos,
Os teus olhos indefinidos.
Exacto
É tudo o que nos resta além do que nós temos.
Coisas ditas
Diz-me como quem diga
Que o dizer não está no dito,
Mas em tudo o que se guarda
Nos silêncios repetidos.
Que o dizer não está no dito,
Mas em tudo o que se guarda
Nos silêncios repetidos.
Tarde em escala
Se em tardando tardasse
Em demorada demora
Podera que encontrasse
Em demoradíssima
Tarde
Novo dia
Em nova hora.
Em demorada demora
Podera que encontrasse
Em demoradíssima
Tarde
Novo dia
Em nova hora.
segunda-feira, julho 20, 2009
Carta-I
Um amigo fez chegar-me às mãos um espólio de cartas que diz serem de um antepassado seu e seus amigos. Tratam de um caso curioso entre o dito antepassado e uma paixão que ele teve durante o casamento. As cartas estão em inglês, mas achei curioso traduzi-las e postá-las nem que só por exercício. Segue uma das primeiras:
[Carta de Lorde Dashville a seu amigo o Dr. Ivorious MacCallister]
Dashville House, aos 13 de Junho de 1872
Caro Iv,
Estive ontem nos Blicwill. O mármore da entrada reluz e nas janelas de quase todas as salas caem cortinas novas. Lady Blicwill histerisa-se! Advinhar o porquê não é difícil, basta olhá-los. O marido mal se chega perto. Há rumores, mas Londres vive de sujidade e de rumores. Averiguar a sua exactidão é uma impossibilidade, quase. Tentarei falar com autoridades neste assunto. Logo segue outra carta com mais notícias. Pobres de nós que não temos mais que fazer que viver da vida dos outros.
Teu,
D
P.S.- Estou em casa da irmã dele em dois dias. Lady Elizabeth tem sido amorosa.
[Carta de Lorde Dashville a seu amigo o Dr. Ivorious MacCallister]
Dashville House, aos 13 de Junho de 1872
Caro Iv,
Estive ontem nos Blicwill. O mármore da entrada reluz e nas janelas de quase todas as salas caem cortinas novas. Lady Blicwill histerisa-se! Advinhar o porquê não é difícil, basta olhá-los. O marido mal se chega perto. Há rumores, mas Londres vive de sujidade e de rumores. Averiguar a sua exactidão é uma impossibilidade, quase. Tentarei falar com autoridades neste assunto. Logo segue outra carta com mais notícias. Pobres de nós que não temos mais que fazer que viver da vida dos outros.
Teu,
D
P.S.- Estou em casa da irmã dele em dois dias. Lady Elizabeth tem sido amorosa.
quarta-feira, julho 08, 2009
Relato de tarde em Mi(m) maior
Na sala dos grandes retratos fico esparramado na senhorinha. Isso, essa que está mais junto ao piano. Quem o toca? Já quase ninguém.
As paredes hoje são amarelas, mas já foram cor-de-rosa. Um tom mais claro, conveniente.
São três horas da tarde (bateu há pouco o relógio do escritório): a luz entra pelas cortinas demasiado finas e deixa-nos a todos uma moleza imemorável.
Quase que adormeço.
Quando digo todos falo de mim e de todas as pessoas que estão nos retratos na sala dos grandes retratos. Falo até mesmo daquelas que estão em pequenos retratos.
Mastigo uma broa de mel demasiado dura para ser mastigada. Quando estou quase a rasgar os dentes empurro com um cálice de vinho. Beberrico.
Ao longe, embora cada vez mais perto, há vozes de crianças como em tempos houve a minha ao tempo em que era criança.
Descem o Caminho Novo. Foram ver as folhas caídas no pateo de entrada do Clube. Lá não há estações: é sempre Outono!
Alguém marca uma soma com o sete de copas e o três de paus. É arriscado. Alguém, outro alguém, avança o dez de ouros. Oh, gritos! "Era meu", dizem a rir no quarto ao lado. Ninguém tem menos de oitenta anos.
Já são perto das cinco horas. Os retratos estão quase iguais salvo possíveis variações de humor que me são "presque" indetectáveis. É seguro afirmar que só eu darei por algo.
Levanto-me. Possivelmente adormeci em determinado tempo indeterminado.
Vamos agora embora. Não sem antes dizer os adeuses costumeiros a quem de direito.
As paredes hoje são amarelas, mas já foram cor-de-rosa. Um tom mais claro, conveniente.
São três horas da tarde (bateu há pouco o relógio do escritório): a luz entra pelas cortinas demasiado finas e deixa-nos a todos uma moleza imemorável.
Quase que adormeço.
Quando digo todos falo de mim e de todas as pessoas que estão nos retratos na sala dos grandes retratos. Falo até mesmo daquelas que estão em pequenos retratos.
Mastigo uma broa de mel demasiado dura para ser mastigada. Quando estou quase a rasgar os dentes empurro com um cálice de vinho. Beberrico.
Ao longe, embora cada vez mais perto, há vozes de crianças como em tempos houve a minha ao tempo em que era criança.
Descem o Caminho Novo. Foram ver as folhas caídas no pateo de entrada do Clube. Lá não há estações: é sempre Outono!
Alguém marca uma soma com o sete de copas e o três de paus. É arriscado. Alguém, outro alguém, avança o dez de ouros. Oh, gritos! "Era meu", dizem a rir no quarto ao lado. Ninguém tem menos de oitenta anos.
Já são perto das cinco horas. Os retratos estão quase iguais salvo possíveis variações de humor que me são "presque" indetectáveis. É seguro afirmar que só eu darei por algo.
Levanto-me. Possivelmente adormeci em determinado tempo indeterminado.
Vamos agora embora. Não sem antes dizer os adeuses costumeiros a quem de direito.
sexta-feira, julho 03, 2009
Numa noite de poesia
De palavras em mentiras que tas conto
Das contas de fiar cada porfía
Amizade em amor verte o que conto
Sem verdade que já haja ou eu distinga.
Que te quero sei dizê-lo,
o corpo o sente,
Mas fazê-lo é esperança vã que me nasce e me tormenta cada dia.
Das contas de fiar cada porfía
Amizade em amor verte o que conto
Sem verdade que já haja ou eu distinga.
Que te quero sei dizê-lo,
o corpo o sente,
Mas fazê-lo é esperança vã que me nasce e me tormenta cada dia.
Do que me surge quando leio poemas
Pela chegada da noite reservo-me direitos lânguidos.
Levemente esticado no grande cadeirão azul
O corpo de hoje dá à luz meu corpo para amanhã.
Rolam nos dedos folhas que dizem poesias.
Nos olhos agora o sono.
O sono é um banho tépido
Que a alma toma.
Adormeço como quem dorme descansado
Um sonho onde soubera o que começa,
Mas nunca acaba.
Levemente esticado no grande cadeirão azul
O corpo de hoje dá à luz meu corpo para amanhã.
Rolam nos dedos folhas que dizem poesias.
Nos olhos agora o sono.
O sono é um banho tépido
Que a alma toma.
Adormeço como quem dorme descansado
Um sonho onde soubera o que começa,
Mas nunca acaba.
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