Não me lembro de estar parada há tanto tempo. Aqui é como se houvesse ausência de tempo. O tempo afogou-se no verde. Mas continua uma palavra constante.
Estou sentada em cima do muro e não falo há quatro dias. Penso muito. Observo sobretudo. A casa é grande e de pedra. Os nosso quartos são frios e pela parede escorre a humidade. O jardim em redor da casa é tão grande como o silêncio. Aqui tudo se funde misturado em círculos que se inter-cruzam continuamente sem entender o que é um ou outro. Silêncio, paz, pensamento, Verde.
Ainda há pouco passou por aqui um grupo de miúdos. Vi-os apenas ao longe. Pareciam figurinhas de desenho animado. Via-lhes os gestos desfocados e ouvia as suas vozes esganiçadas pela distância. Estavam alegres e riam. Talvez partilhassem estórias engraçadas uns com os outros.
Que pode achar um grupo de miúdos duma rapariga sentada em cima dum muro olhando o vale? E que me interessa isso? Eles não vão tocar a minha vida. Tão pouco eu a deles. Mas ainda assim, aqui onde nada é, parecemos ligados pelo Verde.
Agora fecho os olhos. Sou eu que estou também ali, do outro lado do muro, cheia de gente, contando estórias engraçadas duma outra vida que vivi.
terça-feira, abril 21, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
Numa noite de dor d'alma
Perguntei no velho da tribo dos significados das coisas. Falou-me nas voltas do mundo e no voo do grande pássaro umbi-umbi. E disse de dias de tristeza e dor e falou dum sol, esse tal que nasce depois das coisas.
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