quinta-feira, março 12, 2009
quarta-feira, março 11, 2009
Três elementos em variações, ainda que aproximadas, de escrita ou Retratos inseguros duma cena que vi numa telenovela e suas alterações
Atentemos: o corpo em rotação. Os fones pendurados nas orelhas como algo entre uns brincos e um colar. Alma esguia, corpo sadio. Há música! O vestido é azul e escorrega pela cintura até aos joelhos. (não há grande poesia em dizer-se joelhos). Tentemos de novo: o vestido é branco e escorrega pelas ancas. O movimento é langoroso. Dir-se-ia exacto. Sobretudo, sensual. É uma música que ela sabe, só ela sabe.
Um outro plano. Uma mulher, vulgar de trinta anos, digamos, tem um vestido azul. Agora está numa sala muito grande e dança frente ao espelho. Frente ao espelho está vidrada frente ao vidro. Vício da própria imagem. Quem será? Ela ou outra? O corpo dança. Não podemos repetir que é langoroso ou sensual. O corpo mexe-se num movimento envolvente. (sim, digamos envolvente). A música é da Ella Fitzgerald. Todos sabem como gosta d'Ella.
Como as ondas do mar assim o corpo se agitasse num vestido azul. A sua dança talvez em palavras de pouca poesia, poesia barata.
Tentemos de novo ainda uma outra vez. Na Fábrica do Braço de Prata. A cantora, ao fundo da sala, de uma das salas, canta um jazz sobre a Primavera. Ela já não tem fones entre uns brincos e um colar, mas tem brincos e colar. Está acopanhada. Por quem ainda não interessa bem. Ri muito alto, é estridente. O vestido é branco, mas tem uma barra azul. Poisou o martini na bancada. Segura a mão dele e puxa-o com muita força. Não mede os gestos. Nada é exacto senão a voz segura da cantora que está no fundo da sala. Abana-se e agita-se e estrangula-se em movimentos irregulares duma dança desorganizada.
(que diria esta mulher, a outra, a das primeiras vezes, se olhasse para esta mulher, esta a da última vez? o que há de comum em tudo)
A imagem é certa e forte. Talvez tente escrever sobre isso: uma mulher, um vestido e uma dança frenética ou talvez segura sobre tudo isto.
Um outro plano. Uma mulher, vulgar de trinta anos, digamos, tem um vestido azul. Agora está numa sala muito grande e dança frente ao espelho. Frente ao espelho está vidrada frente ao vidro. Vício da própria imagem. Quem será? Ela ou outra? O corpo dança. Não podemos repetir que é langoroso ou sensual. O corpo mexe-se num movimento envolvente. (sim, digamos envolvente). A música é da Ella Fitzgerald. Todos sabem como gosta d'Ella.
Como as ondas do mar assim o corpo se agitasse num vestido azul. A sua dança talvez em palavras de pouca poesia, poesia barata.
Tentemos de novo ainda uma outra vez. Na Fábrica do Braço de Prata. A cantora, ao fundo da sala, de uma das salas, canta um jazz sobre a Primavera. Ela já não tem fones entre uns brincos e um colar, mas tem brincos e colar. Está acopanhada. Por quem ainda não interessa bem. Ri muito alto, é estridente. O vestido é branco, mas tem uma barra azul. Poisou o martini na bancada. Segura a mão dele e puxa-o com muita força. Não mede os gestos. Nada é exacto senão a voz segura da cantora que está no fundo da sala. Abana-se e agita-se e estrangula-se em movimentos irregulares duma dança desorganizada.
(que diria esta mulher, a outra, a das primeiras vezes, se olhasse para esta mulher, esta a da última vez? o que há de comum em tudo)
A imagem é certa e forte. Talvez tente escrever sobre isso: uma mulher, um vestido e uma dança frenética ou talvez segura sobre tudo isto.
Enfim, alguma coisa... ou Temperança sobre a Viagem
De coisas frescas se faz uma manhã
De coisas simples o resto do dia.
Hoje há sol
Como quando a luz bate sobre a casa branca.
Medida exacta
Razão de ouro.
Sob o pateo quadrado algo ancestral.
Dias anteriores ao tempo.
E fronteiras além-mar até onde eu chegue.
De coisas simples o resto do dia.
Hoje há sol
Como quando a luz bate sobre a casa branca.
Medida exacta
Razão de ouro.
Sob o pateo quadrado algo ancestral.
Dias anteriores ao tempo.
E fronteiras além-mar até onde eu chegue.
Subscrever:
Mensagens (Atom)