sexta-feira, novembro 21, 2008

Poema do fim da tarde

Para Stijn Luyten.

Pois tu dirás pedra
Para que eu diga mar.

A vida é um dia de sol
Quando jogamos no degrau da
Entrada
Este secreto jogo
De silêncios.

Tua advinha de palavras d'alma
É cidade
Onde diga
Luz, casa e amigo.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Uma noite numa livraria de Lisboa

Um dia mais ingénuo, como em ramos de árvore.

É de noite e alguém fala numa livraria de Lisboa.

Naufrago agora nas letras e de súbito sou derrotado pelo livro.

Vivo em extâse!

Coisas de dizer

Mais uma vez repito:
Entre nós os dois há o silêncio!

(Os teus olhos rodopiam ferverosamente irritados)

Há o teu sorriso quando me vês
E o teu abraço frente ao rio
E um sim constante em todas as horas
E uma coisa rebrilhante de teatro de ser coisa quotidiana.

Nem pedra, nem fruto, nem arca,
Ou estória ou dia ou parábola.

Ouves agora as palavras no nosso silêncio?

Rua da cidade ou Evocação de Sara

Dizias alma
Como se cada palavra fosse tua para dar.

Tu eras uma rua estreita e sem sentido certo.
Eras Lisboa sem Tejo, prédio arruinado.
E eras homem e mulher de pedir esmola e coisas do cair da tarde na cidade.

E amei-te tanto que em cada palavra
Calcetei nova pedra
E foste rua nova frente ao rio.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Tarde erotisante na sala do piano ou Viagem dos antigos

Na sala do piano meu corpo aguarda por ser tocado em teclas frias.
Teclas brancas ou negras, mas frias.
De corpo roçagante no rosa do sofá, de alma perdida na viagem continua de cada moldura.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Um brinde ao Presidente B.H. Obama

Ontem fez sol de manhã. E eu sentei-me na minha sala. E ouvi todas as músicas, os baladeiros de Abril. E li todos os poetas. E abri uma garrafa de Madeira. E o Ary, o Gedeão e tantos outros vieram beber comigo. E deixei-me mergulhar em tudo isto. Sentado na minha sala embebedei-me de música e poesia e livros e filmes.

Ontem foi um dia de acreditar. Hoje talvez já não, mas ontem sim. O dia de ontem é nosso para sempre. O dia em que o mundou soube voltar a acreditar e em que a democracia falou alto até às fronteiras de tudo. Ontem sonhei, bêbedo do mundo, e acreditei em tudo o que é bom acreditar.

Não sei o que será hoje. Mas sei o que foi ontem. E ontem soubémos e sonhámos que o sonho comanda a vida. E que este homem sonhou para que o mundo pulasse e avançasse como bola colorida por entre as mãos duma criança.

Soul Mates

Para Daniela Varela, ela há-de saber porquê.

Fico aqui, à beira de ti. Namoro docemente a tua voz. Por onde vou ou por onde ando, tu sabes. Já olhaste para dentro de mim.

A tua música é gémea da minha alma. Às vezes ouço-te e gostava que o mundo se vestisse de nós.

Não desisti. Lentamente murmuro às águas "Oh, quero ver, quero mais e sonho, depois do rio o que é que vem?"

Tenho uma infância como tu e não a esqueço. Moldo-me e olhamo-nos dentro um do outro.

A tua alma é gémea da minha!


http://www.myspace.com/flordelisbanda