Digamos um poema de sala e de luz.
As palavras constroem-se como se chamadas a isso.
Tudo é natural e bom como um dia de Inverno com muita chuva.
Ao redor da minha janela deito-me a imaginar prados verdes.
Que há de bom em imaginar prados verdes num dia de chuva
E céu cinzento?
Absolutamente nada a não ser o prazer de imaginar prados verdes em que a chuva
Molha e acorda o cheiro a terra.
Imagino depois que dou uma grande golfada e o cheiro da terra molhada
Invade-me as narinas brutalmente.
Enquanto, estou na sala
E o poema conta estórias de luz e de outras coisas que não se podem ver
A não ser que as imaginemos.
A sala é todo um mundo-
Do poema, de nós mesmos e das coisas infinitas que temos dentro de nós mesmos.
Agora, entre a luz e a sala fecho os olhos,
Fecho os olhos muito devagar, devagarinho, para guardar dentro de mim
Luzes, salas e tantas, tantas coisas.
E adormeço. E sonhando vou até aos prados verdes que imagino e agora sonho
Onde um dia de chuva faz com que cheire muito a terra molhada.
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