quarta-feira, março 12, 2008

Retrato de rapariga em casa de praia

Os dedos longos. As mãos. As mãos enroladas em si mesmas. Os dedos entre os dedos. Os dedos longos.


O cabelo caído, um ombro. Os olhos como os do gato. O gato lá atrás. O dos olhos. Atrás dos olhos. Atrás. O Gato. O outro ombro, cabelo caído. Voa como um sopro porque

a janela está aberta. A janela vai dar ao mar. Tem lascas nos caixilhos de ser velha. A janela. Um ombro, o outro ombro; cabelo caído. Velha. A janela branca. Não ela. A cara branca. Jovem. Lisa como uma tira de seda ou como cabelo caído sobre um ombro, ou sobre o outro ombro.


Na casa em cheiro de mar. Entra. Na casa. Maresia. Cheiro de mar. Na sala, pela janela. Velha. A janela e a sala. Branca. A janela, a maresia. A maresia é branca como o rosto. O rosto dela. O rosto dela na janela.

Cabelo, tira de seda, mãos e dedos e cara. E vento, pela janela e que traz o cheiro da maresia. Branca. Como a janela e o rosto dela na janela. E os dedos, e as mãos; um ombro, o outro ombro. E

ela, branca na janela branca, velha de caixilhos velhos, não como ela, mas como a janela

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