De dizer clichés
Como a folha branca dum papel
E a angústia que provoca:
Tentemos então metáforas sobre os rios
E a espuma branca
Das ondas fortes que rebentam contra as rochas
Como línguas lambonas.
Ou então pensar numa família
E fazer uma poesia vulgar- quotidiana mas modernaça
Falar de cervejas e futebol
E de pais gordos com correntes de ouro
E de mães meio tristes de bata gordurenta.
É bom em cliché
Falar-se do sorriso duma criança
Encontros e relações de luz e riso
E encanto
Que uma criança é fácil de encantar
Seja quem for, ainda mais num poema assim cliché
Como este aqui.
E tantas coisas, que num cliché cabe tudo
Nem falo em falar-se de amor.
Não acabava hoje este poema.
Mas há ainda a folha em branco
E por mais cliché que isso seja
O terror de estar por dentro em branco assombra-me mais
Que todas as outras coisas.
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